Trabalhadores e empresários do ramo delivery protestam contra lockdown em Irati
Segundo profissionais e empresários do setor, fechamento total do comércio nos dois próximos finais de semana trará prejuízos financeiros às empresas que atuam neste ramo
Paulo Henrique Sava
Trabalhadores e empresários que utilizam o serviço de entregas (delivery) protestaram no fim da manhã desta sexta-feira, 10, contra o decreto municipal nº 196/2020, que alterou horários de funcionamento do comércio durante a semana e suspendeu os atendimentos em dois finais de semana como forma de combate ao crescimento do número de casos de coronavírus em Irati. Eles se reuniram no Parque Aquático e seguiram em carreata até a frente da Prefeitura, onde fizeram um buzinaço. Não houve aglomeração de pessoas durante o movimento, que contou com a participação de cerca de 20 automóveis e seis motocicletas. Veja o vídeo no fim desta matéria.
Até essa sexta-feira, 10, a cidade de Irati havia registrado 64 casos de Covid-19. São 20 casos ativos da doença. Quarenta e quatro pessoas estão recuperadas, 19 em isolamento domiciliar e uma internada em um leito de enfermaria no hospital de referência que é o Universitário Regional de Ponta Grossa, onde os leitos têm se mantido acima de 70% de ocupação.
O manifesto foi organizado através de grupos de whatsapp e redes sociais. A empresária Andreia Lima, uma das organizadoras do movimento, afirmou que representantes do setor tentaram conversar com o prefeito Jorge Derbli na quinta-feira, 9, para pedir uma alteração no decreto para que eles pudessem continuar trabalhando no sistema delivery. Entretanto, ela alega que o grupo não foi recebido e que o lockdown irá causar prejuízos financeiros aos comerciantes e profissionais que atuam nesta área, como proprietários de lanchonetes, restaurantes, pizzarias, carrinhos de lanches, motoboys, cozinheiras, entre outros.
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Empresários e trabalhadores do ramo delivery fizeram buzinaço em frente à Prefeitura de Irati. Foto: Divulgação WhatsApp |
Trabalhadores e empresários que utilizam o serviço de entregas (delivery) protestaram no fim da manhã desta sexta-feira, 10, contra o decreto municipal nº 196/2020, que alterou horários de funcionamento do comércio durante a semana e suspendeu os atendimentos em dois finais de semana como forma de combate ao crescimento do número de casos de coronavírus em Irati. Eles se reuniram no Parque Aquático e seguiram em carreata até a frente da Prefeitura, onde fizeram um buzinaço. Não houve aglomeração de pessoas durante o movimento, que contou com a participação de cerca de 20 automóveis e seis motocicletas. Veja o vídeo no fim desta matéria.
Até essa sexta-feira, 10, a cidade de Irati havia registrado 64 casos de Covid-19. São 20 casos ativos da doença. Quarenta e quatro pessoas estão recuperadas, 19 em isolamento domiciliar e uma internada em um leito de enfermaria no hospital de referência que é o Universitário Regional de Ponta Grossa, onde os leitos têm se mantido acima de 70% de ocupação.
O manifesto foi organizado através de grupos de whatsapp e redes sociais. A empresária Andreia Lima, uma das organizadoras do movimento, afirmou que representantes do setor tentaram conversar com o prefeito Jorge Derbli na quinta-feira, 9, para pedir uma alteração no decreto para que eles pudessem continuar trabalhando no sistema delivery. Entretanto, ela alega que o grupo não foi recebido e que o lockdown irá causar prejuízos financeiros aos comerciantes e profissionais que atuam nesta área, como proprietários de lanchonetes, restaurantes, pizzarias, carrinhos de lanches, motoboys, cozinheiras, entre outros.
Foi tentado contato com o nosso prefeito, sem êxito, ele não nos recebeu. Por isso tentamos reivindicar este decreto que não faz sentido nenhum e está tirando o nosso sustento. Já estamos com horário reduzido até as 21 h todos os dias e agora sábado e domingo não podemos abrir. Estamos lutando para que este decreto possa ser mudado porque está afetando muito a nossa renda, os nossos motoboys e tem muita coisa envolvida. Achamos justo que isto seja revisto porque os nossos direitos têm que ser pelo menos ouvidos. Estamos apenas reivindicando um direito nosso, pois o delivery ajuda na pandemia, não vai prejudicar e nem espalhar o vírus”.O enfermeiro Agostinho Basso, coordenador da sala de situação da Covid-19 em Irati, contesta a afirmação de Andreia e diz que a reunião aconteceu, mesmo sem a presença do prefeito, que estava em um outro compromisso.
Diga-se de passagem que não tinha nada marcado nem agendado. Em razão disso, fomos pegos de surpresa pela reunião. O prefeito estava em outro compromisso e não pode estar presente. Eu participei enquanto coordenador da sala de situação e do COEF [Centro de Operações Especiais e Fiscalização]. A pedido do prefeito, com todo o respeito, ouvimos calmamente as reivindicações das pessoas que estavam lá e depois expusemos a situação de risco, dos números que vêm subindo e tudo o mais, e também que neste momento, em nome do prefeito, informamos que não teria como alterar o decreto. Algumas pessoas acabaram não aceitando, o que é legítimo, e terminou a reunião.Agostinho comenta que a experiência deste final de semana será utilizada para avaliar a situação da Covid-19 em Irati. Estes dados servirão de base para uma definição futura sobre a continuidade do decreto.
Hoje é a primeira sexta-feira, o primeiro final de semana, então não temos como avaliar ainda algo que nem aconteceu. Vão acontecer as primeiras vivências deste lockdown. A partir de segunda, através desta experiência, estaremos nos reunindo no salão nobre da prefeitura a partir das 9 h. Deu a impressão de que os representantes não haviam sido recebidos, mas eles foram recebidos e ouvidos.Questionado pelo ouvinte José Mauro sobre as dificuldades que empresários e profissionais sofreriam com o lockdown, o empresário Fábio Schwab disse que estas empresas terão prejuízos e que falências poderão ocorrer sem as vendas dos dois próximos finais de semana.
A gente não vai morrer de fome com dois ou três dias fechados: vamos simplesmente quebrar. Dependemos do dinheiro das vendas para sobreviver, não temos salários, não estamos com a vida ganha, não somos concursados. Fazemos a comida, trabalhamos o dia todo nas panelas, preparamos, picamos, cortamos, vamos em açougue e mercado para à noite podermos servir o cliente, pois esta é a nossa maior satisfação. Este dinheiro que vem gastamos no comércio da cidade, e não fora de Irati. Quem está fora da área de comida não entende como funciona. A gente compra tudo antecipado e torce para vender à noite. Se não vender, é lixo, a gente pega uma nota de R$ 50 e R$ 100 e joga no lixo.O empresário Tony ressalta que a modalidade delivery foi criada para não haver contato ou aglomeração de pessoas. Ele acredita que não há motivos para limitar o horário durante a semana e suspender o atendimento aos sábados e domingos. Ele diz que, na maioria das vezes, os entregadores cumprem as medidas sanitárias, como utilização de máscaras e aplicação do álcool gel.
Foi um decreto equivocado, e seria de bastante ajuda ele [prefeito] revê-lo. Foi algo muito fora do normal. Acredito que ele quer o melhor para Irati, pois é o prefeito e chamou esta responsabilidade para si, mas infelizmente isto não está sendo o melhor. Os deliverys estão apanhando, o movimento já não estava tão bom por causa da pandemia e de cortes e também por conta de termos muitos motoboys nas ruas. Todo mundo sai perdendo por causa de um decreto que não envolve este perigo (de contágio pelo coronavírus)”.O empresário André Franczak, que atua no ramo da alimentação e também utiliza o serviço, defende que os empresários e trabalhadores do setor querem apenas continuar fazendo entregas, que segundo ele seria a forma mais segura de trabalhar e manter as finanças em dia.
O pessoal quer continuar trabalhando por entrega, que é a forma mais segura. Eu pude acompanhar que Toledo decretou lockdown total no fim de semana, o mesmo de Irati. A única coisa que vai funcionar é farmácia e delivery. O que estamos pedindo é que o delivery possa funcionar, pois é o mesmo contato que o atendente da farmácia tem com o cliente. Não tem aglomeração e as empresas continuam trabalhando da forma que conseguem”.Em vídeo divulgado no início da tarde, Derbli pediu compreensão, paciência e tolerância dos iratienses em relação às medidas de restrição do funcionamento do comércio e outros setores.
Eu sei que está complicada a situação de todos, das pessoas que dependem do comércio para sobreviver, a situação não está fácil para ninguém. Eu não gostaria, sinceramente, de ter decretado isto, mas a situação da saúde pública de Irati me obriga a fazê-lo, e eu tenho, como chefe do Poder Executivo de Irati, que tomar uma decisão. A pressão está sendo muito grande, não pense que está sendo fácil para nós aguentarmos a pressão, mas eu peço à população paciência, tolerância e compreensão neste momento.